sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Por que o Rock não pode ser colorido


Algumas pessoas perguntam por que os roqueiros de verdade não gostam do que ficou conhecido, erroneamente, com “rock colorido”. Para começo de conversa, o Rock não é e nunca foi colorido, ele é negro, preto, roqueiro que se preza nunca será colorido. E que história é essa de rock feliz?

O rock sempre foi transgressor, esses que se dizem roqueiros e ficam no palco, “eu amo vocês”, “vocês estão aqui no meu coração”, aonde foi parar a rebeldia? Alias será que eles sabem o que é rebeldia ou tem realmente com o que se revoltar, alem de “xingar muito no twitter”?

E não me digam que hoje não temos mais com o que nos revoltarmos porque temos sim. Mas a verdade é que, infelizmente, esta geração está sendo alienada de uma maneira aviltante. Ela não questiona mais, tem preguiça de ler o que realmente é importante, consomem uma pseudo informação que trata da vida de ídolos fabricados que não vão durar uma primavera. Mas ninguém vai lembrar, pois outro já surgiu em seu lugar. O gênio da última hora, é o idiota do ano seguinte... O ilustre desconhecido É o novo ídolo do próximo verão" (Titãs)

A história nos conta que, na ditadura militar (1964- 1984), os livros eram proibidos e muitos títulos nem podiam entrar no país. No entanto, isso não impedia que os jovens lessem. As obras entravam no Brasil de maneira clandestina, pessoas reuniam-se na casa de algum amigo mais corajoso que, correndo o risco de ser preso e torturado apenas por portar um livro, o lia e todos ouviam.

Discos eram censurados, teatros fechados, artistas e intelectuais eram banidos, mas ainda assim a juventude não se calou, foi às ruas, cantou as canções proibidas, leu livros e escreveram outros tantos. Não pensem vocês que hoje os dias são diferentes porque não são. Existe entre nós uma ditadura disfarçada que decidem quais “musicas” devemos ouvir, os livros que devemos ler, as noticias que nos “informam” e os programas que nos entretêm.

Talvez você argumente “mas temos a Internet, e as mídias sociais que vão à contra mão de tudo isso” sim concordo, mas o que tento argumentar aqui é que as pessoas têm nas mãos uma falsa liberdade. Hoje você pode ouvir a musica que quiser, mas quais realmente valem a pena ser ouvidas?

Será que nosso país está tão pobre de novos talentos que sejam capazes de escrever letras contundentes, como Renato Russo e Cazuza, ou que entendam realmente de musica e saibam cantar e tocar instrumentos de verdade sem fazerem uso do playback ou as chamadas bandas de apoio?

Somos manipulados e nem percebemos, criam ídolos instantâneos, jovens de 15 anos ganham biografias que tornam-se bestseller instantâneos e viram roteiro de cinema. Não assisti o filme nem li o livro e tenho certeza que não irão me faltar tais informações. Preferia ver nas telas dos cinemas e paginas de livros a história de Daiane dos Santos, de Wilson Fernandes, o pipoqueiro que apesar da infância pobre e apenas o diploma da quarta série venceu na vida ou a história do maestro João Carlos Martins que não se deixou abater diante de todas as dificuldades que a vida e o destino lhe impuseram.

Estas e tantas outras histórias merecem sim serem contadas, elas nos inspiram a sermos pessoas melhores, a olhar para o mundo com outros olhos. Não sou contra que biografem jovens cantores mas na não possível que em tão pouco tempo e com uma história de sucesso fabricada eles tenham algo a ensinar que sejam maiores do que as histórias destes que citei anteriormente ou a do menino pobre nascido em três corações, Minas Gerais, que se tornou o Rei do Futebol eAtleta do Século XX. Bom acredito que todos saibam de quem estou falando ou não?

Para encurtar a conversa convido a todos para assistir o clipe abaixo, prestem atenção na atitude transgressora do Rock (subir em uma marquise de um shopping e fazer um show para os transeuntes de uma grande metrópole) e acima de tudo vamos prestar atenção no que os caras fazem com os instrumentos, os solos e a displicência com a qual eles tocam. Quando os coloridos conseguirem fazer pelo menos a metade disso, talvez possamos começar a pensar em lhes abrir o Olimpo do Rock.
SALVE O ROCK...

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